quarta-feira, 2 de julho de 2008

Adeus!


Triiim, Triiim, Triiim

"Oh não, ai de quem me esteja a acordar!" – Penso para comigo. – "Desta vez não me vencem!"
Procuro o telemóvel com a mão pela cabeceira sem sequer abrir os olhos, "hoje ainda vou dormir mais, ninguém vai vencer o sono".
Do outro lado é a minha mãe, tia Teté para os meus amigos. De forma lamentavelmente querida relembra-me o facto de ter uma oral amanhã.

"OHHH NÃOOO, não quero, não quero e não quero." – Digo para dentro - "HOJE NÃO! Hoje não vou acordar!"

Digo que sim a tudo, não quero saber sequer ao que é que disse que sim, há-de ter feito tudo sentido e como não resmunga é sinal que eram as respostas que desejava.
Desligo e atiro o telemóvel para o chão de forma a ficar perto da cama.
Continuo de olhos fechados, "NÃO, não os vou abrir, vou dormir, EU VOU dormir, Siiim?!" E assim é… Adormeço… Mas de repente…

Triiiimmmmm, Triiimmmmm, Triiiimmm

"OHHH NÃO, OUTRA VEZ O TELEMÓVEL NÃO!"
Irritadíssima pego no telemóvel e atendo com um simpatiquíssimo e sonolento “Simm…?!”
Do outro lado a voz diz ser a Clementina do departamento de Erasmus.
- "A Clementina?! A Clementina?! Mas quem raio é a Clementina?!" – Vou pensando, até que se faz luz – “Ahhhhhh Clementina, sim, sim, bom dia diga…”

Desligo a chamada e não quero nem acreditar, "ir à faculdade HOJE?! É para isso que me vão tirar da cama?! Oh my god! Não quero acreditar. Digam-me que isto é um pesadelo!"

Com muito esforço abro os olhos, olho para o relógio de cabeceira e vejo 23 de Junho de 2008. Falta um mês e apenas uns dias para partir rumo ao Brasil, Cidade de Santos no Estado de São Paulo. Nos últimos meses só ouço dele, delas e deles: “Aquilo está muito perigoso… Tem cuidado, nunca andes sozinha.”… “Olha que ainda apanhas o Dengue”, ”Tu tem mas é cuidado, não vais propriamente para o paraíso dos paraísos.”. Ponho os pensamentos de parte e começo a despachar-me, banho, vestir, pequeno-almoço e ir para o metro.

Já na cidade universitária saio do metro e parece-me ver alguém conhecido.
Não, é impossível.” – Penso.
Continuo a andar até que sinto um toque no braço, viro-me e vejo-o, afinal era mesmo.
Olá!” – diz-me como se ainda ontem nos tivéssemos visto.
Fico sem reacção e acabo por murmurar um estranho “Olá”.
Propõe um café mas nego desculpando-me com a minha pressa. Não percebendo a desculpa esfarrapada propõe um café nessa mesma noite ou no dia seguinte. Olho para o chão, franzo o sobrolho e por fim ao olhar para ele aceno que não com a cara.
Acabo por despedir-me com um simples “Adeus!”, viro as costas e prossigo sem sequer olhar para trás.


P.S. "How many times can a man watch the sun rise over his head without feeling free?" - Jamiroquai - Hot Tequila Brown

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