domingo, 30 de março de 2008

Medos e Receios


Um dia menti-te, disse-te que não quando a resposta era sim. Não, não penses que foi uma dessas mentiras maldosas, não claro que não foi.
Não te faria isso.
Acontece que tenho medo de te magoar, ou pelo menos de te magoar mais.
Tenho tanto medo que o que sinto seja real como irreal.
Tenho medo do futuro. Tenho medo do que posso vir a sentir. Tenho medo do que me possas fazer vir a sentir. Tenho medo de perder o orgulho em vão e de no fim de contas ser apenas um capricho.

Tenho medo do que posso ganhar e, simultaneamente, do que posso perder...!


P.S. "Andamos em voltas rectas na mesma esfera onde ao menos nos vemos porque o fumo passou. A chuva no chão revela os olhos por trás. Há que levar o que restou e o que o tempo queimou. Tens fios de mais a prender-te as cordas mas podes vir amanha, acreditar no mesmo Deus (...)" - Laços - Toranja

sábado, 29 de março de 2008

O quê?



Entrou na sala e disse-lhe: "Desculpa... Só agora descobri.".

Ele com um ar confuso parou por instantes, ficou ali calado até que arriscou perguntar: "Descobriste o quê?".

Ela respondeu-lhe apenas: "Descobri..." e assim se foi embora sem acrescentar nada mais.



P.S. "Só mais tarde, já ao deitar olhou o espelho onde foi encontrar o amor escondido e então sorriu." - Manhã Submersa - Xutos & Pontapés

quarta-feira, 26 de março de 2008

Às 23h de 25/03/2008 em Carta para os Amigos


Estou num bar em Soho...
Estamos... Cat, Jo, Bia e eu... É a nossa última noite, partimos esta madrugada para o Porto. Madrugada?! Madrugada não, às 6 da manhã cá já é de dia há alguns largos minutos.


Vi! Andei! Visitei! Bebi! Apreciei! Fumei e fumei! Conheci!
Gostei?! Gostei!
Foi suficiente?! Não, não mesmo, nada, sem dúvida que não!


Aqui, o dia começa cedo e acaba, igualmente, muitissimo cedo e quando digo muitissimo cedo é mesmo um exagero de cedo. É tão diferente de Lisboa... As pessoas, a ausencia de praia, os horários, as comidas... No entanto gosto tanto!


"Porro! Escreve lá isso aí!" pede-me a Jo... Mal sabe ela que escrevi mesmo.


De regresso à linha de pensamento inicial, estamos no Lvpo Bar, viemos cá pela primeira vez na segunda noite. É um Pub porreiro, fomos tratadas optimamente bem desde que cá entramos. Apresentam-nos às pessoas como sendo The Portuguese Girls.
Não só aqui no bar mas em todos os lados fomos tratadas optimamente bem.


Voltar para Portugal?! Não!
Voltar para Lisboa?! Nem pensar!
Estou farta desse meio! Quero evoluir, quero crescer, quero viver e conhecer longe desse espaço. Se possivel com vocês bem por perto, claro... Vocês sabem o quanto significam para mim. Amo Lisboa, minha bela cidade das Sete Colinas todavia preciso de umas férias bem prelongadas longe dela. Aí estou presa... Tenho necessidade de evasão.


Não quero apanhar o Bus que me leva daqui a Queensway/Bayswater/Inverness Terrace.
Não quero apanhar o Transfer que me leva de lá ao aeroporto.
Não quero apanhar o avião para o Porto.
Não quero apanhar o, lentissimo, metro do aeroporto à Campanhã.
Não quero apanhar o Intercidades Porto Campanhã-Lisboa Sta Apolónia.
Quero ficar! Aí não vou dar o tudo do tudo... Vou sentir-me a sufocar. Vou acabar por desiludir A ou B.
Preciso de um espaço para inovar. Lisboa ainda tem, certamente, muito para me dar mas não por agora.


Enfim,
Até já Lisboa, vemo-nos dentro de horas... Um dia deixo-te mesmo, com bilhete de regresso mas sem data definida.
Até já amigos... Vai ser bom voltar a ver-vos!
A vocês Jo, Cat e Bia muitissimo obrigada pela paciencia, por aguentarem com as minhas gargalhadas espalhafatosas, o meu humor, o meu fumo e o meu fumo, os meus pontapés enquanto durmo (não são mesmo prepositados) e o facto de ser tão cabeça no ar.


Foi uma boa companhia.
Foi uma boa estadia.
Foi uma viagem a saber a pouco apesar de todas as peripécias... Não, não me queixo de nada do que vivemos aqui. Queixo-me sim do reduzido tempo.


Páro por aqui... Dentro de umas horas estarei aí agora espera-me o copo de vinho (Obrigada Catarina) e o cigarro.


Adeus Londres!
Olá Lisboa!
P.S. Escrito no bloco amarelo e passado para o pc.
P.S.2. "The more i smoke, the more i drink. The more i talk, the less i think. The less i think, the more i feel..." - The way you found me - Ben Harper

quarta-feira, 19 de março de 2008

Mudanças

Andava como quem não tinha horas, como se ninguém a esperasse, como se ninguém estivesse pendente dela... Deambulava por ali, sozinha fumando, freneticamente, cigarro atrás de cigarro todavia tinha um ar calmo.

O comboio chegou, entrou e sentou-se. Sentei-me de frente para ela, não por não haverem mais lugares mas porque o seu ar tão descontraído e divertido me suscitava curiosidade.

Ali pegou nos telemóveis, trocou o cartão de um para o outro, ligou-o e toda a sua atenção se dirigiu para aquele objecto.
Parecia rir-se sozinha, como se estivesse ali apenas ela... No fundo, como se eu e todos os outros passageiros não fossemos ninguém.

Sem querer, devo tê-la fixado, de forma pesada, com o olhar pois baixou o telemóvel, olhou-me, desconfiada, e voltou a sorrir sozinha ao olhar para o telemóvel.
Passados uns minutos baixou, novamente, o telemóvel, olhou, uma vez mais, para mim mas desta vez disse-me: "Olá! Tenho um ar assim de tão tresloucada por rir-me sozinha com o telemóvel?". Achei piada à sua pergunta, começamos com a normal conversa de ocasião no comboio.
A certo momento, ganhei coragem e perguntei-lhe: "Porque te rias tanto com o telemóvel?". Olhou para o telemóvel, olhou para mim, sorriu e disse: "Porque nem sempre fui assim. Porque só agora me apercebi que mudei. Porque só agora me apercebi que há alguns anos não tinha tanto gelo à minha volta... Sei que mudei e não foi pouco. Tenho saudades de como era mas sei que um dia vou voltar a ser assim... Um dia... É verdade que há bem pouco tempo o gelo não era tanto mas voltou e por agora estou bem... No meio do gelo.".
A sua resposta baralhou-me mas como pessoa estranha que lhe era achei por bem não aprofundar mais o tema e a conversa ocasional de comboio voltou.


P.S. "And I'd give up forever to touch you 'cause I know that you feel me somehow, you're the closest to heaven that I'll ever be and I don't want to go home right now, and all I can taste is this moment, and all I can breathe is your life, and sooner or later it's over I just don't want to miss you tonight. And I don't want the world to see me, 'cause I don't think they'd understand, when everything's made to be broken I just want you to know who I am (...)" - Iris - Goo Goo Dolls

sexta-feira, 7 de março de 2008

De Sempre


Ouve, Mãe:
Não me importo
do que sofreste em mim.
Só me importo do sonho
que rasgaste, a sorrir
naqueles dias-longos!,
do menino a dormir.

De tudo o que quiseste
nada viste cumprido.
Em nada sou aquele
que pensaste criar
~ ficaste na maré
sem nunca ver o mar!

A culpada é a vida
que me deu este olhar
perdido na distância
e este amor violento...
Mãe,
já tentei ser melhor:
MAS O MEU SONHO É LENTO
!


Vasco de Lima Couto, Teu Eterno



P.S. Vida!
P.S.2. Vem!
P.S.3. Bailarina!
P.S.4. De 5 de Maio a Agosto!
P.S.5. "(...) Olhos azuis são ciúme e nada valem para mim, Olhos negros são queixume de uma tristeza sem fim, olhos verdes são traição são crueis como punhais, olhos bons com coração os teus, castanhos leais." - Olhos Castanhos - cantado por Francisco José, letra e música de Alves Coelho.



segunda-feira, 3 de março de 2008

O "Mundo" mudou...


Acordas um dia e olhas à tua volta....
Tudo mudou! As paredes têm um aspecto mais velho, na cabeceira já não está o mesmo livro da noite passada, em cima da aparelhagem o CD já não é o mesmo e há o dobro da roupa espalhada no quarto!
O que é que aconteceu?! Não te lembras… Por mais que te esforces para voltar atrás no tempo não consegues. Sentes a estranha sensação de que o mundo avançou enquanto tu continuaste, perfeitamente, imóvel no mesmo sítio. Por mais que te tentes lembrar é como se tivesses um espaço em branco na tua memória. É como se o Mundo tivesse avançado inúmeros anos do dia para a noite e ninguém se tivesse lembrado de te preparar!
Só agora reparas que na cabeceira também já não está a “vossa” fotografafia. O que é que está a acontecer?! Assustada digitas o número dele. Piii… Piii… Não atende, voltas a digitar o número mas a cena repete-se! O que é que se está a passar?! Terá a mudança acontecido, apenas, no teu quarto e o facto dele não atender ser pura coincidência?
Vais à janela e, surpreendentemente, vês mais prédios e jardins.
Tentas, novamente, relembrar-te do que aconteceu. Mas nada! Assustada vais-te sentido cada vez mais pequenina num enorme Mundo em acelerada mudança.
Atiras-te para dentro do chuveiro e de seguida mudas de roupa. Vais sair na expectativa de o encontrar ou de ver outra cara conhecida, precisas de explicações para o que está a acontecer! Bates com a porta ao sair de casa e já na rua sentes caírem sobre ti os pesados olhares da multidão que vai passando.
Sentes-te uma estranha neste novo Mundo!
Já à porta de casa dele tocas à campainha. Ouves passos e uma sensação de alívio passa por ti. Por fim cheguei a porto seguro, pensas para ti. Ele abre a porta e, estranhamente, olha-te assustado como se já não te visse há anos. Finalmente, emites um “Olá!”, ele não responde… Continua, apenas, a olhar-te com estranheza até que ganhas coragem e ouves a tua voz questionando-o “O que é que se passa?”. Ele sibila qualquer coisa que não percebes e quando vais a pedir que repita começas a ver tudo preto.
Foi como se uma cortina escura de um palco se fechasse na tua frente. Volta a abrir-se e dás por ti a acordar novamente, não passou de um sonho todavia não olhas à tua volta, tens medo que na realidade o Mundo tenha mudado também!



P.S. É estranho quando tudo muda sem explicação alguma, não é?! O Mundo está em permanente evolução... É preciso seguir com ele!

P.S.2. (...) Como pode tudo mudar em um segundo, nem pensar. Não vou voltar atrás, agora assim que vai ser (...) - Tudo Mudar -Charlie Brown Jr.

Olhando o mar, sonho sem ter de quê


Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.´
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?

Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.

As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.

Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.

Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?


Fernando Pessoa